31 de março de 2006

Emir Sader e FHC

Achei interessante a Coluna(Nem Veja. Nem Leia.) do professor Emir Sader no site da agência Carta Maior, publicada em 30 de Março de 2006, e decidi compartilhar com outras pessoas. Acho importante para a formação de todos, enfim.

A Coluna contém uma crítica à reportagem de Capa da revista Veja sobre o livro do ex-presidente FHC. Sinceramente, não li toda a reportagem da Veja, nem li o livrinho "A arte da Política" de FHC. Mas devo admitir que o título do livro soa como "A arte da guerra" de Maquiavel, "A Arte da Guerra" de Sun Tzu ou "A arte da prudência" de Baltasar Gracián, eu diria até que soa como "O Príncipe"(livrinho de cabeceira do ex-presidente) de Maquiavel.

Um trecho da reportagem de FHC à Veja diz o seguinte: “de certa maneira, é possível estabelecer um paralelo estrutural com O Príncipe, realização máxima do pensador italiano Nicolau Maquiavel, de quem Fernando Henrique é grande conhecedor.” Espero profundamente que nosso querido sociólogo e ex-presidente não tenha a pretensão de querer ser enquadrado no mesmo patamar dos autores supracitados.

O professor Emir Sader lista peremptoriamente diversos motivos para não lermos o livro de FHC, e ainda assevera que o livro contém “autobajulações e autojustificativas, perfeitamente adequadas a que se esqueça antes mesmo de ler”, o professor completa dizendo “não veja, nem leia”.

Além de críticas pesadas à reportagem da Veja, Emir Sader chama o ex-presidente de decadente e marginalizado. Vocês concordam com a opinião de Sader em relação à decadência e marginalização do ex-presidente? Eu diria que, em sua atividade política, sim. Mas não me arriscaria a dizer que enquanto sociólogo e intelectual ele seja decadente e marginalizado, pelo contrário, acredito que o ex-presidente possui uma formação intelectual bastante invejável, e é um dos maiores intelectuais do Brasil ainda vivo.

O professor da UERJ não pára por aí, critica o governo do ex-presidente, não poupa esforços para citar diversos escândalos e irregularidades no governo FHC e diz que FHC é o mais rejeitado de todos os nomes aventados como candidatos à presidência da República. De fato o governo FHC possuía irregularidades demais, falcatruas demais, era fraco demais. Entretanto, Sader diz que FHC se tornou “tão rancoroso diante do sucesso de Lula e de sua política externa”. Sucesso de Lula? Bem, não gosto de discutir política, não sou petista, nem sou de direita, nem de esquerda, mas de que sucesso ele está falando? Acho que esse sucesso é um tanto quanto relativo.

É interessante salientar a referência do professor Sader ao sonho frustrado de FHC em conseguir um cargo internacional, o professor ironiza dizendo que o ex-presidente tem que se contentar com o luxuoso escritório no Vale do Anhangabaú, montado por grandes empresários paulistas.

Por um lado o ex-presidente traz no currículo um governo fraco, repleto de irregularidades e escândalos; encontra-se, hoje, politicamente decadente e marginalizado; tornou-se rancoroso diante do governo de um adversário político; e é frustrado por não alcançar um sonho. No entanto, por outro lado, FHC possui um enorme reconhecimento entre os intelectuais do mundo inteiro; seu nome figura na lista dos 100 intelectuais mais notórios do mundo elaborada pelos leitores da Prospect e do portal Foreign Policy; o ex-presidente é o único brasileiro da lista, ocupa a 43ª posição e tem o privilégio de figurar na mesma lista que intelectuais como Paul Krugman(economista norte-americano, e colunista político do The New York Times), Jürgen Habermas(filósofo e sociólogo alemão, notável pelas suas reflexões acerca da razão comunicativa), Umberto Eco(historiador e filósofo, autor da famosa ficção “O nome da Rosa”), Eric Hobsbawn(historiador, com publicações renomadas no mundo inteiro, autor de “A era dos extremos”), entre outros.

Enfim, recomendo a leitura de Maquiavel, Sun Tzu e Emir Sader. Mas talvez seja interessante dar uma olhada no trabalho de Fernando Henrique Cardoso.